Devido ao ciclo irregular de produção de flores e de sementes nos bambus, que são os principais elementos utilizados na identificação de uma planta, se torna uma tarefa muito complicada avaliar-se o número existente de gêneros e de espécies de bambus.
Para comprovar tal fato, um especialista chinês, em visita ao Brasil, afirmou que as touceiras identificadas nas regiões em que visitou, como sendo pertencentes à espécie Dendrocalamus giganteus se tratavam, na verdade, de D. asper. A separação visual entre as duas espécies é muito difícil – o asper, de uma forma geral, apresenta colmos mais ásperos do que aqueles do giganteus, além dos seus brotos apresentarem uma cor de tonalidade marrom-amarelada escura.
No entanto, um fato recente chamou a atenção da comunidade bambuzeira presente no III Seminário da RBB, em Goiânia. O conceituado taxonomista brasileiro Tarcisio Filgueiras, especialista em gramíneas nativas, informou que encontrou uma touceira de D. giganteus, em uma região afastada do Espírito Santo. Ora, como a propagação do bambu geralmente é feita de forma vegetativa, significa que essa touceira foi originada de uma outra touceira existente na região ou que a ela foi trazida. Ou seja, seria altamente improvável que existisse apenas essa touceira dessa espécie em nosso país. Atualmente existem ferramentas mais modernas para elucidar essa questão – a análise comparativa pelo DNA por meio de, por exemplo, marcadores moleculares, e posterior comparação com informações contidas em banco de dados genômicos. Portanto, resta ainda muito trabalho a ser feito para que se consiga identificar corretamente as espécies existentes no Brasil, quer sejam elas nativas ou exóticas.
Recente publicação (2010) “China’s bamboo. Culture/Resources/Cultivation/Utilization”, de autoria de Yang, Yuming e Hui, Chaomao, publicado pelo INBAR (International Network for Bamboo and Rattan) relata que seriam entre 70-80 gêneros, compreendendo cerca de 1000 espécies.
Independentemente desses números encontrados, que ainda são polêmicos, os bambus se dividem, quanto à forma de propagação, em duas categorias:
Entouceirante
entouceirantes, de moita, agrupados, paquimorfos – são bambus que ocorrem naturalmente em regiões tropicais, não sendo, portanto, tolerantes às baixas temperaturas.
Principais gêneros: Dendrocalamus, Bambusa, Gigantoclhoa e Guadua.
Esse último – o mais importante bambu natural das Américas, apresenta uma característica diferente dos demais, pois os seus colmos emergem relativamente espaçados uns dos outros, o que favorece sua posterior colheita. No entanto, a colheita dos colmos de G. angustifolia em áreas naturais acidentadas principalmente da Colômbia e do Equador não é uma tarefa assim tão fácil, pois além das dificuldades de acesso aos bambuzais, essa espécie apresenta espinhos duros e grossos, inclusive nos ramos, dificultando sua extração.
Alastrantes
alastrantes, individuais, leptmorfos, invasores – são bambus que ocorrem naturalmente em regiões temperadas. Por suportarem baixas temperaturas tem sido intensivamente cultivados em viveiros na Europa, destinando-se, principalmente, ao paisagismo e à decoração de ambientes.
Principais gêneros: Phyllostachys, Sasa e Pleioblastus.
O primeiro gênero contempla as espécies de maior valor econômico, principalmente: P. edulis (ou P. pubescens – bambu mosô), P. bambusoides e P. aurea. De origem asiática, tais bambu apresentam atualmente grande valor econômico para o suprimento de matéria-prima para movelaria e para fabricação de objetos de lazer (varas-de-pescar). O bambu Mosô também é muito valorizado na produção de brotos comestíveis, após a fervura em água, fazendo tal alimento parte imprescindível da culinária asiática. Porém, deve ser lembrado que a brotação do bambu ocorre apenas anualmente (para essa espécie em setembro-novembro, no Brasil), motivo pelo qual uma indústria deve ter tal fato em conta para seu planejamento, por meio estoques apropriados ou pela utilização também de brotos originários de espécies entouceirantes (Dendrocalamus e Bambusa), cuja brotação ocorre de dezembro a março. Dessa forma, seria garantido um maior suprimento de matéria-prima para comercialização. Cumpre esclarecer que devido à constituição química de uma determinada espécie de bambu, nem todos os brotos são palatáveis, sendo alguns extremamente amargos. De uma forma geral, quanto mais palatável for o broto, maior seria a tendência de que o colmo adulto sofresse ataque de organismos xilófagos.