Apuama

História da Madeira

História

No início da colonização, nosso país tornou-se alvo da cobiça de potências estrangeiras devido à ocorrência de uma árvore de madeira avermelhada, que produzia um corante para tecidos e que era muito apreciado nas cortes européias. A madeira era denominada pelos indígenas de Ibirapitanga (madeira + vermelha); os homens que as cortavam eram chamados de “brasileiros”. Em um intervalo de tempo relativamente curto essas árvores tornaram-se escassas, motivo pelo qual a Coroa Portuguesa tratou de protegê-las, ou melhor, de estabelecer o monopólio de sua comercialização. O pau-brasil, a exemplo de outras espécies (jacarandá da bahia e cedro), passou então a ser denominado “madeira de lei”. Atualmente essa denominação refere-se às especies arbóreas que apresentam grande durabilidade natural, sendo geralmente madeiras de alta densidade (ipê, itaúba, jatobá, dentre outras).

Ciclo do Pau-Brasil

Após o ciclo do pau-brasil iniciou-se a expansão da fronteira agrícola de nosso país. Durante o período das Capitanias Hereditárias pode-se imaginar que madeiras tais como o Jacarandá-da-bahia e o Cedro tenham sido intensamente exploradas. Posteriormente, na busca de terras férteis para a cultura do café, iniciou-se a exploração de matas ricas em Peroba-rosa e em várias espécies de Lauráceas (canelas).

Na região Sul as matas de Araucária também conheceram a fúria devastadora dos colonizadores; a exploração atingiu um grau tão intenso que procedeu-se à proteção dessa espécie. A Imbuia, matéria-prima requisitada pela indústria moveleira, também conheceu semelhante destino. Atualmente, o Mogno (Swietenia macrophylla) corre risco de extinção pois é considerado a madeira mais valorizada para confecção de móveis.

Ciclo do Pinus

Na busca de espécies florestais que visassem suprir a demanda pela Araucária e por madeiras para construção foram trazidas para o Brasil os gêneros exóticos Pinus e Eucalyptus. Pode-se afirmar que com a implantação desse gêneros o Brasil passou a ser visto no cenário mundial como um país com um enorme potencial para o uso racional da madeira.

O Pinus, originário da América Central e dos Estados Unidos, adaptou-se em algumas regiões brasileiras. O Pinus elliottii, por exemplo, mostrou-se uma excelente fonte para produção de resina; outras espécies (caribaea, taeda, oocarpa) permitiram o desenvolvimento de pequenas indústrias produtoras de paletes, móveis, brinquedos e utensílios domésticos. O Pinus caribaea tem sido intensamente utilizado na fabricação de lápis, tarefa anteriormente suprida pela Caixeta, atualmente sob proteção.

Ciclo do Eucalipto

O Eucalyptus merece um destaque todo especial. Embora existam relatos de sua introdução no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, no século XIX, coube ao engenheiro Edmundo Navarro de Andrade a tarefa de tornar sua cultura viável em território brasileiro. Incumbido da missão de buscar alternativas para suprir de combustível as máquinas a vapor da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, Navarro de Andrade vislumbrou o grande potencial dessa árvore originária da Austrália. Trouxe ao Brasil várias espécies de eucalipto e procurou aclimatá-las em várias regiões paulistas, instituindo os primeiros hortos florestais nas estações ferroviárias. Além da maior taxa de crescimento do eucalipto quando comparado com sua região de origem, notou-se que algumas espécies produziam madeira de boa qualidade sendo, inclusive, uma ótima matéria-prima para a fabricação de dormentes. Tal observação em muito contribuiu para que assim fossem poupadas as poucas matas nativas paulistas.

Mas o melhor fato ainda estava por acontecer – pesquisadores descobriram, contra todos os prognósticos, que seria possível obter celulose de uma madeira de fibra curta. Tal fato, pode-se dizer, revolucionou mundialmente o conceito de fabricação de celulose e papel. Com certeza o uso do eucalipto para essa função permitiu diminuir acentuadamente a pressão exercida sobre a mata nativa.

Porém, o potencial do eucalipto ainda não foi totalmente explorado. Na verdade um dos seus maiores usos é na fabricação do aço, pois cabe ao carvão do eucalipto a função de reduzir o minério de ferro; seguramente trata-se de um uso “oculto” e não valorizado para o eucalipto. Poder-se-ia afirmar, inclusive, se no Brasil todo o carvão utilizado na fabricação do aço fosse originário do eucalipto, que teríamos o único “aço verde” do planeta.

Se na fabricação de papel e celulose e na siderurgia o eucalipto é amplamente utilizado, infelizmente seu uso como material para construção civil ainda deixa muito a desejar, quando comparado com a África do Sul, por exemplo. Novos tipos de manejo florestal, de projeto e de desenvolvimento de equipamentos de serraria especialmente projetados para processar o eucalipto ainda se encontram em fase incipiente. Uma das maiores perspectivas para valorizar o uso dessa valiosa matéria-prima será, sem sombra de dúvida, a sua aplicação na tecnologia da Madeira Laminada Colada (MLC). Pouquíssimos países do mundo teriam condições de competir com o Brasil – quais deles poderão fornecer madeiras com 10 anos de idade e que sejam aptas para uso nessa tecnologia?

Dias atuais

Atualmente, os consumidores mostram-se mais conscientes quanto à degradação da floresta. O esforço de vários organismos atuantes na área ambiental têm direcionado esforços para a valorização da madeira extraída de manejos sustentáveis. A tendência atual direciona-se para a obrigatoriedade da comercialização de madeiras que tenham o “selo verde”. Tais madeiras recebem a classificação FSC (Forest Stewardship Council).

Most popular

Most discussed