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Perguntas Frequentes

Nesta área, FAQ, ou Frequently Asked Questions, são respondidas as perguntas mais comuns referentes aos  materiais alternativos bambu e compósitos. Caso tenha alguma dúvida, não hesite em entrar em contato conosco: oi@apuama.org.

 

Quantos tipos de bambu existem?

Existem em torno de 45 gêneros e mais de 1300  espécies. A maior dificuldade em efetuar-se tal estimativa deve-se ao fato de que a identificação botânica do bambu é muito complicada, pois esse vegetal raramente produz flores e frutos, que são os elementos principais que auxiliam na identificação de uma espécie vegetal.

Quais são os mais conhecidos? Quais são os nomes comuns e científicos desses bambus?

No Brasil, os mais conhecidos são o bambu verde (Bambusa vulgaris) o bambu verde-amarelo (B. vulgaris variedade vittata), o bambu gigante ou bambu balde (Dendrocalamus asper e D. giganteus), o bambu verde (Bambusa tuldoides) e os bambus alastrantes, principalmente aqueles pertencentes ao gênero Phyllostachys (vara-de-pescar e bambu mosô). Também começam a ser conhecidos os bambus do gênero Guadua, principalmente aqueles originários da Colômbia.

O chamado bambu brasilis, de haste bem amarela, só existe no Brasil?

O bambu “brasileirinho”, de coloração amarela intensa e com listras verdes, também se trata de uma espécie de bambu exótico, pois foi trazido ao Brasil durante a colonização portuguesa, provavelmente originário da India.

O Lucky Bamboo e a Cana-de ubá são considerados bambus?

Muitos acreditam que somente a taquara ou taboca, nativa do Brasil, seja um bambu. Por sua vez, a cana-de-ubá, ou taquara-do-reino, é confundida com o bambu. Trata-se da espécie Arundo donax, proveniente da região mediterrânea europeia, e de grande importância na produção de palhetas para instrumentos de sopro. Outra confusão é a planta ornamental “bambu da felicidade – Lucky bamboo” – pois se trata de uma dracena!

Quais são os tipos de bambus brasileiros?

Embora ocorram muitos gêneros e espécies nativas de bambus no Brasil, a maior parte deles encontra-se em ambientes de matas sendo, na maioria dos casos, bambus de porte arbustivo. Dentre os gêneros de grande porte ocorre naturalmente no Brasil apenas o Guadua, chamado de taquaruçú na região do Pantanal e de taboca, em regiões do cerrado. Recentemente este gênero tem sido objeto de estudos para implantação de projetos no Acre. Os demais bambus que se encontram normalmente no meio rural, por exemplo, provavelmente sejam exóticos. Porém, o INBAR (International Network of Bamboo and Rattan – Instituto do Bambu e do Rattan) recomenda o plantio comercial de apenas cerca de 20 espécies.

Quais espécies de animais sobrevivem nos ambientes recobertos por bambus?

Na Ásia, o bambuzal é habitat do tigre, sem falar então de sua importância para a sobrevivência do panda gigante. Também nas florestas de Uganda a sobrevivência do gorila está estreitamente ligada ao bambu. O bambuzal serve de abrigo para uma infinidade de pequenos animais e, eventualmente, na busca deles também podem surgir serpentes. Essa é uma das queixas que se ouve de quem vive próximo de um bambuzal. De que o bambu atrai as cobras!

O bambu é viável como material de construção? Quanto se economiza?

Depende muito do país considerado. Por exemplo, na Colômbia e no Equador, onde predomina o bambu Guadua angustifolia, os construtores nem querem saber de utilizar a madeira. Tratam-se de países nos quais a cultura de utilização do bambu é largamente disseminada. Infelizmente no Brasil ainda não se adquiriu o hábito de construir em bambu. E isso ainda levará um certo tempo, pois nos faltam viveiros de mudas, mão-de-obra especializada e, principalmente, que seja deixado de lado o preconceito de que o bambu não possa ser um material de construção. Como exemplo de uma construção em bambu que é impactante no Brasil, pode-se citar o Centro Cultural Max Feffer, situado em Pardinho – SP. Essa obra, de autoria da arquiteta Leiko Motomura, é reconhecida internacionalmente por sua beleza e engenhosidade.

Como é feita a propagação do bambu? Onde posso encontrar sementes ou mudas?

O ciclo para produção de sementes de bambu é muito longo e, geralmente, imprevisível. Para algumas espécies, pode ser de 32, 48 ou, até mesmo, de 200 anos, o que praticamente inviabiliza a comercialização de sementes de bambu. Porém, quando tal fato ocorre, as sementes geralmente são férteis e devem ser plantadas em caixas com areia ou diretamente em saquinhos plásticos, para posterior plantio no campo. Mas a forma mais usual é a propagação do bambu por via vegetativa, ou seja, por meio de partes da planta. Nesse caso, cabe destacar a diferença de procedimento a ser adotada para os dois grandes grupos de bambus: – entouceirantes (bambus de clima tropical) – utilizam-se as gemas, presentes na região dos nós, ou, então, parte dos ramos; – alastrantes (bambus de clima temperado) – utilizam-se porções de rizoma (parte subterrânea). Devido à pequena procura por mudas de bambus, o custo unitário acaba ficando elevado. Mas, com a entrada em vigor da lei de incentivo ao plantio do bambu, espera-se que sejam liberados recursos financeiros governamentais visando estimular plantios comerciais, a propagação in vitro venha ser incentivada e adotada para os plantios comerciais.

Existe um clima ou solo mais favorável para o crescimento do bambu?

O bambu ocorre naturalmente em todos os continentes, com exceção da Europa, onde, atualmente é cultivado em viveiros (Oprins – Bélgica e Portugal) e em parques (Bambouseraie de Prafrance, França). Quanto ao solo, o bambu prefere solos de textura média e que sejam bem arejados. Não tolera solos permanentemente saturados, embora próximo de lagos e rios pareça ser seu habitat ideal. Algumas espécies suportam temperaturas muito baixas (gênero Chusquea, presente no Chile); outras espécies toleram solos extremamente arenosos.

Qual é a idade ideal para efetuar-se o corte dos colmos de bambu?

Depende muito da espécie considerada e do uso que dela será feito. Para trabalhos de cestaria, por exemplo, pode-se utilizar colmos mais jovens (menos de 2 anos); para construções, recomenda-se que sejam utilizados colmos maduros (superior a 3 anos), que são normalmente mais pesados e mais resistentes mecanicamente. Uma das maiores dificuldades é justamente separar em uma touceira os colmos de acordo com sua idade – os chineses fazem marcas anualmente nos colmos, de modo que podem selecioná-los de acordo com a finalidade prevista. De uma forma geral, bambus de pequeno diâmetro amadurecem em torno de 3-4 anos, enquanto que para aqueles de maior diâmetro, a idade seria entre 4-6 anos.

Bambu é madeira? Quais são as principais diferenças entre eles?

Essa foi uma consulta que um dia recebi de uma pessoa ligada a um centro de distribuição de produtos hortifrutigranjeiros da região de Campinas – SP. O bambu é ou não é uma árvore?

As plantas se dividem em duas grandes categorias: Gimnospermas (sementes nuas)  e Angiospermas (sementes protegidas). Na primeira delas se enquadram as madeiras coníferas (Araucária, Pinus etc.); a segunda categoria se divide em: monocotiledôneas e dicotiledôneas. O bambu é uma gramínea gigante e se enquadra na primeira categoria; as árvores (exceto as coníferas), na segunda delas. A árvore cresce continuamente (embora em menor ritmo) tanto em diâmetro quanto em altura; o bambu, por sua vez, já deixa o solo com seu diâmetro definitivo e só cresce em altura até que surjam as suas folhas (depois de 4 a 6 meses). As árvores dispõem da casca para protegê-las; o bambu só é protegido na etapa inicial de seu desenvolvimento pelas bainhas (folhas caulinares), que caem rapidamente à medida que o colmo cresce. Além disso, as árvores dispõem de elementos anatômicos orientados na direção transversal (raios), que não existem nos bambus. Ou seja, o bambu não é uma ” madeira”.

Como faço para tratar o bambu? A Lua tem influência em sua durabilidade?

Essa é uma crendice popular que não encontra respaldo científico. A Lua interfere no movimento da água e talvez interfira no teor de seiva presente nos vasos do bambu. Mas, para o amido, esse sim o principal alvo do ataque de fungos e insetos, não se observa o mesmo comportamento. Ou seja, se o colmo contém amido, o inseto (caruncho ou broca) buscará atacá-lo. Portanto, o mais lógico seria efetuar o corte do colmo após alguns meses da brotação, pois, nesse caso, o teor de amido se encontra reduzido, pois foi consumido no crescimento dos brotos.Quanto aos tipos de tratamento a serem aplicados ao bambu, favor consultar o item específico nesta página.

Qual o potencial de crescimento do bambu para o Brasil e para o mundo?

No Brasil, não se dispõe de informações sobre plantios comerciais de bambu, com exceção daquele efetuado pela empresa Itapagé, para a produção de celulose. Porém é de se esperar que a potencialidade do bambu em sequestrar carbono venha a despertar interesse das empresas. Cabe destacar duas medidas recentes tomadas no Brasil, particularmente pelo governo de Minas Gerais (incentivo ao plantio) e pelo Governo Federal (criação de uma Rede de Investigação do Bambu, coordenada pelo Prof. Jaime G. de Almeida da UNB). E, mais recentemente, a promulgação da Lei de Incentivo ao Plantio do Bambu. Também conforme destacado nesta página, em dezembro de 2015 houve a assinatura de um documento entre a Secretaria da Agricultura de SP e a Associação Brasileira de Produtores de Bambu (APROBAMBU), destacando o importante papel que o bambu pode representar para a agricultura familiar. Quanto à importância econômica do bambu em outros países pode-se destacar o volume de negócios com o bambu realizados na China, estimados entre 10 a 20 bilhões de dólares). Além disso, na Ásia em geral e, na Índia, em particular, e também em alguns países sul-americanos (Colômbia e Equador), o bambu substitui adequadamente a madeira na construção.

O que é necessário para a celulose de bambu se tornar competitiva?

Baseado em informações da empresa Itapagé, pode-se efetuar o corte raso dos colmos do bambu aos 2-3 anos! Isso seria inimaginável com outra fonte de matéria-prima para celulose, como a maioria das madeiras. Além disso, o bambu é renovável, e anualmente necessita sequestrar carbono para o seu desenvolvimento. O maior inconveniente seria a grande área necessária para o plantio, o que levaria as plantações para áreas mais afastadas das regiões de consumo, devido ao elevado custo da terra, principalmente no estado de São Paulo. Esse seria o maior componente no custo total de produção.

A que se deve o pouco uso do bambu no setor de papel e celulose no Brasil?

Na construção civil, o bambu ainda não é aceito, principalmente devido ao preconceito existente. Geralmente as pessoas o associam (erroneamente) a um material de segunda categoria, próprio para ser utilizado apenas em obras descartáveis. No setor da celulose, a questão da área escolhida para o plantio é de crucial importância.

Qual região do Brasil aproveita melhor os muitos usos que o bambu oferece?

Para celulose é a região Nordeste (Maranhão e Pernambuco); no estado de São Paulo o uso do bambu em paisagismo e na decoração tem se intensificado atualmente, valendo-se da grande oferta de colmos de bambu Mosô. Para a construção, infelizmente ainda não existe um fornecedor de matéria-prima adequada e em grande escala. Para a construção da mais importante obra feita em bambu no Brasil (Centro Cultural Max Feffer – Pardinho – SP), os colmos de Guadua foram importados do Paraguai!

Quais as vantagens do bambu sobre o Pinus e o Eucalipto?

Precocidade para a produção, pouca exigência quanto à fertilidade do solo, recuperador de áreas degradadas e cicatrizador de florestas devastadas. Além de aplicar-se muito melhor para a fixação do homem no campo, pela oportunidade que cria de serem desenvolvidas diversas atividades (artesanato, carvão, produção de brotos etc.).

Quais as desvantagens do bambu sobre o Pinus e o Eucalipto?

A principal, sem sombra de dúvida, é a falta de investimentos em grande escala. Se houvesse a destinação de apenas 1% dos recursos destinados ao projeto do genoma do eucalipto, a bambucultura poderia dar um grande salto de qualidade. Também, como reflexo dessa falta de estímulo governamental e empresarial, não existem disciplinas de graduação e de pós-graduação sobre o bambu nas faculdades de Agronomia, de Engenharia Agrícola e Florestal. Assim, sem existir uma massa crítica no Brasil, dificilmente o bambu ocupará o espaço que poderia merecer. Por outro lado, é de se esperar que com a formação dessa rede de pesquisadores no Brasil, que muitos jovens passem a se interessar pelo estudo do bambu, criando uma demanda junto aos organismos financiadores.

Onde estão as maiores plantações de bambu no Brasil e no Mundo?

No Maranhão (cerca de 30.000 ha); na China, existe tanto bambu nativo, que uma região é chamada de “Mar de bambu”. Na Colômbia, principalmente, ainda existem grandes áreas de Guadua, mas poucas delas são originárias de plantios comerciais e se encontram atualmente ameaçadas pela expansão da lavoura cafeeira.

Quantos anos demora o bambu para crescer?

Deve-se diferenciar o crescimento do colmo de sua maturação. O crescimento é extremamente rápido ocorrendo, no máximo, em 4 a 6 meses. O recorde mundial é de 121 cm em apenas 24 h! O amadurecimento demora um pouco mais, podendo ser alcançado de 4 a 6 anos de acordo com a espécie. Enquanto que para uma árvore…

Qual a produção atualizada de papel de bambu (mundial e do Brasil)?

Na Índia 70% do papel utiliza o bambu como matéria-prima. No Brasil apenas a empresa Itapagé (atualmente em fase de reestruturação) explora comercialmente o bambu, destinando a maior parte da celulose para a produção de sacaria industrial.

Quais são as características da fibra de bambu comparada com as fibras de Pinus e de Eucalipto?

O comprimento da fibra do bambu situa-se entre as duas. Tem um comprimento superior ao da fibra de eucalipto (1 mm), porém inferior ao do Pinus (3 a 4 mm – traqueídes).

Qual é a resistência mecânica do bambu?

Depende de muitos fatores: espécie, idade do colmo, teor de umidade e tipo de solicitação. De um modo geral, pode-se dizer que o bambu (coluna curta) é mais resistente em compressão do que o concreto, porém é muito inferior à resistência do aço em tração. Desse modo, denominar o bambu de aço vegetal é um certo exagero. Porém, se for calculada a razão entre a resistência mecânica de um material e a sua densidade, o bambu mostra números surpreendentes.

Quais são as suas aplicações – em que tipo de papel pode ser usado?

Na China existem mais de 4.000 usos catalogados para o bambu, e a produção de celulose é apenas um das possibilidades. Instrumentos musicais, produção de brotos, carvão, carvão ativo, laminados colados, são exemplos de usos do bambu. Embora a proposta inicial fosse a de produzir sacaria para empacotar o cimento, várias empresas clientes da Itapagé já utilizam embalagens feitas de celulose de bambu (cerveja Bavária, Brinquedos Estrela, Melitta…).

 

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